sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Seria mais uma ida ao hospital se não fosse...

São oito e meia da manhã e a ortopedia do Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, já está lotada. São crianças vindas de todas as partes com fraturas e lesões diversas. Minha missão era levar o sobrinho de 10 anos para retirar o gesso do braço, que ele quebrou jogando bola. O incidente ocorreu no dia em que o Brasil se classificou para as oitavas de final da Copa do Mundo, com o empate de 0x0 contra Portugal.

Quase dois meses se passaram e voltamos ao hospital. O primeiro passo é se dirigir à recepção. Pronto! Agora é só aguardar a médica ortopedista chamar. Os minutos voam e as conversas começam a fluir. Uma coisa todos tinham em comum, um membro do corpo quebrado. Alguns fraturaram jogando bola, outros andando de bicicleta, tinha até quem se machucou correndo. A única certeza que temos é que ninguém estava trabalhando quando o acidente ocorreu.

A maioria das crianças fraturadas é menino e tem entre 9 e 10 anos. Será que são mais levados? Curioso que, geralmente, é o braço esquerdo que sai lesado. A ortopedista disse que não há nenhuma explicação médica para isso.

Finalmente a ortopedista nos chama e encaminha para retirar o gesso e fazer outro Raio X. Mais uma longa espera. Desta vez o local é muito perto do corredor central do hospital. Muitas crianças circulam por ali,  com dificuldades ou amparadas por seus pais e enfermeiros, em macas ou cadeiras de rodas. A cena é no mínimo emocionante. É difícil conter as lágrimas. Não suporto ver crianças tão pequenas, muitas delas, nem sabem onde estão e porque sentem tanta dor. Ninguém queria estar lá, muito menos eu. Na nossa frente um menino de aproximadamente sete anos chora insistentemente. Ele tem medo, porque pensa que não vai mais conseguir brincar ou ir para a escola. A mãe tenta o consolar, mas a criança continua gemendo de dor.


Entre idas e vindas dentro do hospital já se passaram quase duas horas. O radiologista chama o meu sobrinho e em seguida faz o Raio X. Saímos e aguardamos o resultado. O osso está perfeito, grudou, já pode ser retirado. Finalmente podemos ir embora, mas teremos que voltar dia 10, só para garantir. Partimos, porque a vida segue e eu tinha uma longa jornada pela frente.

Se meu sobrinho estivesse vendo o Brasil jogar naquele dia, este relato não estaria sendo feito, ou talvez, seria mais uma ida ao hospital se não fosse pela quantidade de crianças na espera pelo atendimento.

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