sábado, 18 de setembro de 2010

Depois do Impasse, a manifestação

Foto: Ivanir França

Estudantes, jornalistas, sindicalistas, advogados, entre outros, usuários ou não de ônibus, prestigiaram o lançamento do Impasse, o documentário que conseguiu abordar de maneira ampla e diferentemente de tudo que já ouvimos ou vimos sobre um assunto tão polêmico e essencial: o transporte coletivo de Florianópolis. Foram cerca de 700 pessoas, que invadiram o auditório e o hall de entrada da reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), na noite de quinta-feira, dia 16. Até quem nunca participou de uma manifestação ou sequer imagina o que é depender de coletivo para se locomover na Ilha da Magia parou para assistir, refletir e sentir a indignação dos manifestantes.

Cenas jamais vistas na televisão foram reveladas no vídeo. Um misto de espanto, indignação e sarcasmo contagiou a platéia. Foram inúmeras as vezes em que vaiaram a atitude de um PM, riram com as cenas, que seriam cômicas se não soubessemos a gravidade do problema viário da capital catarinense, e até xingaram policiais, que se aproveitavam da situação para impor autoridade, batendo nos manifestantes, sem sequer notarem que estavam sendo filmados.


Trabalho de equipe

A equipe estava apreensiva. Não sabiam qual seria a reação da platéia. Nem imaginavam quantas pessoas iriam prestigiar o evento. Afinal de contas, é o primeiro documentário produzido pela Doc Dois e dirigido pelos jornalistas Juliana Kroeger e Fernando Evangelista. Também foi a primeira experiência de campo, tão intensa, tão real e tão emociante que os jovens fotógrafos, repórteres e estudantes de jornalismo, participaram. A equipe topou a ideia desde o início, quando a cobertura seria apenas mais uma denúncia, que ficaria esquecida por todos. Os colaboradores também estavam ansiosos para ver o documentário, porque apenas os diretores e os finalizadores viram o produto pronto antes do lançamento oficial.

O desafio foi lançado e o documentário também. A equipe abraçou e a platéia aplaudiu. Jovens, velhos, homens e mulheres, críticos ou não saíram do lançamento do Impasse, no mínimo, com uma visão mais ampla sobre a situação do transporte coletivo de Florianópolis. Entenderam que as manifestações não são só de estudantes, pois todos somos usuários, direta ou indiretamente, totalmente dependentes de um transporte coletivo, que não é público, porque tem muita gente que também depende da arrecadação do sistema viário para encher os bolsos de dinheiro e viajar para bem longe da Ilha da Magia, que já se transformou na Ilha das Paralisações.


E depois do Impasse...

Foto: Ivanir França
Não demorou muito para a Beira-mar, nas proximidades do Shopping Iguatemi, ser fechada pelos estudantes que assistiram o Impasse. Quem passava de automóvel pelo local não entendia nada. "Como assim, fila a essas horas"? Mas a pergunta que não quer calar e foi muito bem lembrada pelo colega jornalista Artur de Bem é a seguinte: ta, mas qual é a reivindicação agora?!?!

Depois de algumas horas, os manifestantes invadiram o Terminal de Integração da Trindade (TITRI). O local também foi cercado por policiais, que foram chamados para escoltarem os estudantes. Contrariados, os manifestantes aguardavam as instruções do chefe de polícia. A primeira coisa que me veio a mente foi "já vi este filme antes".

Os manifestantes saíram dali em direção à Lauro Linhares. O restante da história talvez nós só conheceremos no próximo documentário. Mas fica o registro, que consegui fazer antes de terminar a bateria da minha câmera fotográfica. Só ressaltando que a manifestação que se formou depois do lançamento não fazia parte da programação da equipe. Os diretores também foram pegos de surpresa, mas enviaram alguns colaboradores para fazer a cobertura.
Foto: Marinês Barboza
Grandes flagrantes fotográficos foram feitos pelo futuro jornalista Ivanir França, que fez parte da equipe e cobriu tanto o lançamento, como as manifestações de maio e as que se formaram depois do evento. Veja algumas fotos aqui.

Parabéns para toda a equipe do Impasse!

Ficou curioso, quer saber mais sobre o documentário? Acesse aqui o site oficial.

6 comentários:

  1. Marinês, muito legal o relato. Deu pra imaginar como "ferveu" o ambiente no dia do documentário. Vou providenciar a compra de um.

    Porém, o Fernando me ensinou, quer dizer, decretou uma coisa na minha primeira aula com ele: não existe jornalismo imparcial. O documentário, mesmo sem ter visto, não é imparcial.

    Valeu!

    ResponderExcluir
  2. É verdade. Também lembro desse decreto. Inclusive na minha formatura, o Fernando reforçou o recado. Já mudei, antes que o mestre me puxe as orelhas.

    obrigada pelas palavras

    ResponderExcluir
  3. Lamentavelmente, muito cansado naquela noite, não pude estar no lançamento do doc IMPASSE. Geralmente costumo presenciar momentos assim.
    Você, como sempre, nos manteve informados. Parabéns pelo trabalho, Marinaite's!

    ResponderExcluir
  4. PARABÉNS, MARINES, AS MANIFESTAÇÕES DEMOCRÁTICAS, SAO ASSIM MESMO, AS LUTAS PELAS CONQUISTAS SE TRANSFORMAM EM VERDADEIRAS BATALHAS! E SEUS REGISTROS DEMONSTRAM ISSO MESMO, PARABÉNS PELO SEU TRABALHO.

    ABRAÇO


    Zeca Machado

    ResponderExcluir
  5. Muito bom. O Fernando falou muito do que penso. Os manifestantes deram show em humor e criatividade. O pessoal mostrou que é possível manifestar sem violência. O movimento ganhou muita força. Embora não tenha participado, dou total apoio. Muitos foram presos arbitrária e injustamente, além de agressões covardes contra os estudantes.

    Parabéns ao Fernando, a Juliana, ao Celso Martins e ao pessoal da equipe que fez o trabalho.

    ResponderExcluir
  6. Caramba, Marinês, eu não sabia dessa parte; só agora, limpando minha caixa de e-mails, fui ver o que era teu e-mail e me deparei com essa pérola; relato bacana, parabéns; grande abraço do Silvio

    ResponderExcluir